quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Décimo primeiro dia de Mostra de Processos da ELT

Há 110 dias em ALERTA!

O Forúm Temático teve como partida para a discussão o livro Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire. Os participantes discutiram liberdade, autoridade, igualdade, horizontalidade, autonomia, relação mestre/aprendiz, respeito, limites individuais/coletivos, consciência da incompletude e a criação como relação social.


Aprendizes no Forum da ELT




No final do Forúm , a Formação 10 entregou prêmios que receberam no Festival Nacional de Teatro de Piracicaba. Dos quatro prêmios que eles ganharam no Festival, dois foram entrgues ao Gustavo Kurlat, pelo projeto musical e encenação, e o outro foi entregue a figura da nossa Coordenadora Pedagógica, Juliana Monteiro, pelo melhor elenco, onde foi entregue em nome de todos que colaboraram com o Projeto.



Integrantes da Formação 10 no Fórum

Seguem trechos transcritos da fala da Valéria, integrante da Formação 10, e do Mestre Gustavo Kurlat:
"Os de 'nós' aqui, alguns da Formação 10, vamos falar em nome de toda a Formação 10, que dentro de uma conversa que a gente teve, aproveitando a continuação da sua fala [se refere a fala anterior] de que o Movimento não se encerra, nós viemos exatamente aqui hoje para testemunhar isso. Que o movimento não se encerra, em dois sentidos, que o movimento não se encerra no trabalho e, então, nós continuamos. Vivemos discutindo se somos um grupo, se não somos grupo porra nenhuma, que a gente nunca concorda com nada, mas estamos juntos discutindo sempre as segundas feiras a noite. Se alguém quiser acompanhar a nossa briga, se alguém tiver sentindo falta de discussão... Não pode faltar, nos ensaios a gente também briga sobre isso e todas as discussões normais. E aí a gente veio aqui hoje, porque na verdade nos gostaríamos, primeiro testemunhar a toda essa Comunidade, o quanto essa Escola foi importante para nossa formação. Todos da formação 10 concordamos que esse lugar foi muito importante pra gente, para nossa formação como artista, para nossa formação como humano, pra nossa formação enquanto grupo, talvez a gente seja um dia, ou não, vai depender da nossa caminhada. A gente decidiu não ficar mais discutindo se a gente é um grupo ou se é uma formação que saiu da Escola, por enquanto. Mas o quanto esse lugar foi importante para nós, hoje 18, que entramos aqui com 30. Até para esses que saíram, como no primeiro dia, no primeiro semestre, pra todas essas pessoas. E dizer que esse lugar é muito importante para nós. Na verdade, nos queríamos agradecer, pra quem continua aqui lutando pra fazer esse lugar importante para outras pessoas. Agradecer, a primeira, a segunda formação, e todas que vieram antes da gente, e todas que vão vir depois, e todos os mestres, e pelo trabalho que a gente tem para continuar, o quanto o trabalho dessa escola é importante para Santo André. A gente foi contemplado com o PROAC, a gente tá brigando para que o PROAC aconteça da melhor forma possivel pra gente. O quanto é importante pra santo andré, no sentido que nós vamos apresentar em 5 cidades diferentes, e o nome dessa escola e dessa cidade será levado em todas as apresentações que realizamos. Sempre fazemos questão de dizer da onde viemos, foi dessa escola e dessa cidade. Por mais que metade da nossa turma não seja dessa cidade, e metade da nossa formação é, e quem não aprendeu a amar essa cidade? Nós estávamos vindo, caminhando, a Cecília comentou: 'como eu queria morar aqui'... Então, quer dizer, de certa forma, quem não é daqui, é daqui também. E que as vezes a gente diz: 'será o que ta sendo feito nesse lugar é importante?'. É importante! É importante porque pra mim foi importante, porque eu sou importante, porque a Cleide, porque o Leandro é importante, porque o Jefferson é importante, porque todas essas pessoas são importantes. É importante individualmente, é importante pra essa cidade. Três grupos que foram contemplados com o PROAC são dessa cidade e saíram dessa escola. Então essa escola é importante pra essa cidade, inclusive financeiramente. Então, a gente veio aqui pra testemunhar, porque vamos realizar uma circulação. Vamos contratar empresas de ônibus, vai pagar costureira, vai arrumar cenário, vai pagar os atores... Essa escola trás importância: pessoal, coletiva e financeira para a cidade de santo andré, e divulga a cidade. É a única escola que participa da Mostra de Experimentos do Tusp que não é uma faculdade, porque as outras são a USP, a UNESP e a UNICAMP. E a verdade é que nós viemos dizer o quanto importante é esse lugar. E agradecer aos que já passaram e que vão continuar passando aqui nessa escola. E que seja importante como foi para as 18 pessoas que estão aqui.
Nós participamos do Festival de Piracicaba e ganhamos 4 prêmios dos 7 que estávamos concorrendo. Um desses prêmios foi de melhor dramaturgia, escrita pelo Roberto Alvim, que nós iremos pessoalmente entregar a ele. O outro premio de encenação e projeto musical que nós gostaríamos de entregar ao Gustavo agora. Só os piracicabanos podem entregar ao premio. Agradecemos ao Gustavo por ter nos acompanhado nesse Terceiro Ano e que foi dedicado a fazer esse trabalho. Ao Cris Gouveia que também esteve diretamente ligado a questão da música. E o último premio que a gente ganhou foi de melhor elenco, então esse premio de melhor, vai ser elenco ao melhor elenco, que é Edgar Castro, Milan, Thiago Antunes, Rogério Toscano, Denise [Weinberg], Alex [Tenório], Cris Gouveia, Gustavo [Kurlat], Juliana Monteiro, Roberto Alvim, Mariana Senne, Luis Marmora, Lucia Gayotto, Alexandre Matte, o Leo Mussi e Luanda, que nós acompanhou, a todos os funcionários da Escola, D. Beth, que nós acompanhou durante esse tempo... Se nos ganhamos esse premio de melhor elenco, se todos nós, os dezoito, ganhamos o prêmio de melhor elenco, quer dizer que alguém nos ajudou para chegarmos a isso. Então, a gente gostria de deixar esse premio na Escola. Gostariamos de agradecer muito aos mestres que nós acompanharam desde o primeiro ano, que uma coisa, que nós sempre falamos, se nós não tivéssemos tido o Edgar, a Denise e o Alex, e o Tiago, nós não teríamos chegado ao terceiro ano dessa forma. Não seria justo dedicar ao premio aos mestre do terceiro ano, ou nós que somos "incríveis", não. E para nós, e para todos esses mestres, que nos ajudaram a chegar nesse lugar, e nos ensinaram o quanto prazeroso é fazer teatro em um lugar e aprender o quanto é bacana. Nós queremos que esse premio fique na escola, porque não é um premio da turma, é um premio também dos mestres e de todos que já passaram por aqui e que continuam aqui e que fazem a escola ser reconhecida."
Valéria, integrante da Formação 10

"Vocês devem ter percebido que eu não falei nada aqui hoje. Tem vezes quem a gente precisa ouvir e isso não é banal. Faz um certo tempo, praticamente nesse último mês, um mês e meio, que foi muito difícil acompanhar, se não fosse aula.Então não podia chegar e falar, precisava ver o que estava acontecendo, o que é um esforço, que dá vontade, mas acho que a gente tem que falar, quando tem algo a dizer, e agora sim eu sinto que tenho alguma coisa pra falar. Eu ouvi muitas coisas a dizer, se aceito o processo, se questiono ou não questiono, isso não pertence somente ao entorno do aprendiz, pertence ao mundo dos mestres também. Nekropolis pra mim foi o exemplo máximo disso. Talvez alguns saibam disso, quando começamos o trabalho. Por decorrência do trabalho começa-se a construir o trabalho, surgi o oposto do projeto, do meu projeto, que era o projeto de um musical. No seu inicio, na vocação de um inicio de projeto, onde eu com meus 27 anos, eu tinha uma idéia de musical e quando começa a ser construído esse projeto, sob o ponto de vista da dramaturgia, vem o contrario. Na minha frente aparece um problema, eu questiono e digo 'não, não é esse o musical, que eu quero cumprir' e não penso outro. Hoje eu vejo o musical que a gente tá fazendo. Qual é o meu desafio? O meu desafio era fazer o que eu tenho feito Vinte e sete anos que não tem risco, que ia dar certo. A gente sabe dos mecanismos para dar certo ou aceitar que o que você me coloca, que é o oposto que me dá medo, que dá pânico, que é através do rebelde. Isso que a escola proporciona. E eu com meus colegas, decidimos que iríamos fazer uma coisa que nunca havíamos feito, trabalhar a partir do oposto que nos tinha colocado, com um assunto que quando pensamos geraria jamais um musical, sobre um grupo que desenterra cadáveres. A primeira impressão seria que daqui não sairia nada. Então nós resolvemos que iríamos em frente e fazer. Alguma coisa deu, talvez seja bacana pensar dessa maneira perante alguns assuntos que hoje foram levantados. O que a gente questiona, quando a gente questiona, e o que a gente faz com aquilo que está a nossa frente, o que a gente faz com o problema, como usar o problema pra fazer alguma coisa que nunca fizemos, para criar alguma coisa nova, nunca acho que as coisas são por acaso, acho que o Nekropolis trás a tona alguns assuntos que precisavam ser levantados, alguns cadáveres precisam ser desenterrados, a assuntos que nunca tiveram voz, e nada é por acaso, o que nós fazíamos com isso, depende da gente, o que fazemos com isso."
Gustavo Kurlat, Mestre da Escola Livre de Teatro


Formação 10, Cris Gouveia, Edgar Castro, Gustavo Kurlat, Dona Beth,Thiago Antunes, Juliana Monteiro e o Prêmio vindo do Festival Nacional de Teatro de Piracicaba

transcrição editada: murilo thaveira
fotos: lilian ganzerla cardoso

Veja vídeo do Fórum no blog da Escola Livre de Teatro: http://escolalivredeteatro.blogspot.com/2009/12/dia-16-12_17.html
(gravação e edição: mario augusto mattielo)