sexta-feira, 13 de março de 2009

Carta-Resposta do Dr. Aidan aos Artistas de Santo André é PLÁGIO!!!

A carta que o prefeito de Santo André, Dr. Aidan Ravin, escreveu aos artistas da cidade como resposta ao ato no teatro Carlos Gomes - ao qual ele não compareceu - tem parágrafos completos plagiados de um texto do senador José Sarney.

A carta escrita pelo Dr. Aidan foi, inclusive, publicada neste blog.
Segue a reportagem, extraida do blog http://dalilatelesveras.zip.net/, de Dalila Teles Veras, com alguns recortes nossos. A matéria original pode ser lida no blog a cima citado.

O que pensar de tudo isso? Façam seus comentários!


Prefeito de Santo André plagia Sarney

O novo Prefeito de Santo André reafirma sua obsessão pelas tarefas de “jardineiro”, uma vez que, além de ”transplantar” (leia-se passar o trator) as árvores e outras plantas do Paço Municipal (vide matéria do dia 03.02.09, mais abaixo, neste blog), também “transplanta” palavras alheias.

Explico: O texto que enviou ao grupo de artistas da cidade, datado de 05.12.2008, em resposta ao documento que lhe foi entregue, em ato ao qual prometeu comparecer, mas não compareceu, nada mais é do que um “ctrl c”, seguido de um “ctrl v” de um texto de José Sarney, denominado Quem tem medo de Hillary, publicado em 05.12.2008 no Jornal do Brasil. Observe-se que as datas dos dois textos são as mesmas! (viva a velocidade da Era da Net!)

Mais grave do que o ato de usurpar o texto de Sarney (que, diga-se, é repleto de frases feitas e lugares-comuns) é constatar que esse mesmo texto é utilizado como síntese da “forma que espera governar” o novo Prefeito, conforme pode ser verificado no último parágrafo de sua carta. Com isto, chego a desconfiar que essa falsa generalização, comum nos discursos de sua campanha eleitoral e, atualmente, como prefeito eleito, sequer seja intencional (naquilo que Bobbio analisa como “falsa generalização intencional, no sentido de persuadir ou dissuadir”), mas falsa generalização simplesmente por ausência de conteúdo e de projeto político.

Aí estão os dois textos, com os trechos copiados (idênticos) em vermelho (grifo nosso).
Compare:

A carta resposta do Prefeito de Santo André enviada ao coletivo de artistas:

"Os Jardineiros viraram a página", é com um novo espaço público que os andreenses sonham, em resgatar todos os valores perdidos para que um novo jardim seja construido com todo respeito à cidadania do nosso município.Um líder, ao contrário do que parece ao senso comum, não é aquele movido pelo verbo mandar. Ser líder é muito mais a capacidade de coordenar do que a de impor sua vontade, como o iluminado que determina caminhos.A função de liderar implica ter ouvidos abertos e ouvir sempre, e mais, falar o necessário e buscar a unidade para agir. É certo que a unidade não é clone da unanimidade, mas opiniões, quaisquer que sejam, não devem ser desprezadas.São ensinamentos de bom senso que valorizam o ato de liderar e é muito mais uma tarefa de compor consensos do que usar a força.Quem governa tem que ter dois ouvidos, um para ouvir o ausente e outro, o presente. É desta forma que espero governar... ouvindo e respeitando todos os jardineiros deste nosso lindo jardim chamado Santo André,
Um forte abraço

Dr. AIDAN RAVIN
Prefeito eleito exercício 2009/2012

O texto de José Sarney:

O líder, ao contrário do que parece ao senso comum, não é aquele que é movido pelo verbo mandar. Ser líder é muito mais a capacidade de coordenar do que a de impor sua vontade, como o iluminado que determina caminhos. A função de liderar implica ter ouvidos abertos e ouvir sempre, e mais, falar o necessário e buscar a unidade para agir. É certo que a unidade não é clone da unanimidade, mas opiniões, quaisquer que sejam, não devem ser desprezadas. O Marquês de Pombal, iluminista que transformou Portugal como ministro de D. José I, quando indicou seu sobrinho Melo e Póvoas para governar a província de São José do Rio Negro, depois chamada de Amazonas, ao transferi-lo para o Maranhão escreveu-lhe uma carta sobre a arte de governar. São ensinamentos de bom senso que valorizam o ato de mandar, que ele considera muito mais uma tarefa de compor consensos do que de usar da força. Dizia ele que quem governa tem de ter dois ouvidos, um para ouvir o ausente e outro o presente. Que o governante deveria ter espinhos nos ouvidos, para que as coisas não entrassem de uma vez só, ficassem espetadas para serem melhor analisadas. (...)

Nota: A íntegra do artigo de José Sarney pode ser lida no site da Academia Brasileira de Letras:

http://www.machadodeassis.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=41&infoid=8524&sid=623

Um detalhe deste decepcionante episódio, que seria “divertido” não fosse patético: experimente ir ao sítio de buscas Google e digite uma das frases do texto, como por exemplo: Ser líder é muito mais a capacidade de coordenar do que a de impor sua vontade, os links para ambos os textos aparecem em primeiro lugar de uma longa lista de outros links para textos de auto-ajuda dirigidos a “lideranças”, com frases muito semelhantes.

Tudo isto me fez lembrar um outro episódio ocorrido nesta mesma cidade de Santo André, há umas duas décadas, envolvendo acusações de plágio de um escritor ilustre desconhecido e uma escritora novata idem. Os livros da novata foram apreendidos pela Polícia, com grande estardalhaço e cobertura da imprensa, durante uma Feira do Livro e o autor que se sentira lesado abriu um processo reclamando seus direitos autorais. Desse processo, consta um parecer antológico de uma professora da Universidade de São Paulo que desconsiderou a acusação, sob o argumento de que lugares-comuns e frases feitas são de domínio público e, assim, não podem configurar um crime de plágio.

Não estaríamos diante de um caso parecido que, por sua vez, também nos remete a um famoso discurso proferido em 1914 pelo igualmente famoso político e jurista Ruy Barbosa (mas que nem por isso, dizem as más línguas, “flor que se cheire”) que falava do “triunfo das nulidades”? É bom que se diga que essa “manjadíssima” frase também acabou por se transformar em uma das frases-feitas mais citadas ao longo do último século.

E la nave va..., à deriva, bem ao jeito profetizado pelo genial Fellini. (dtv)